Você sabe o que é Cordwood?

Elyzia Rodrigues | 31.10.17 | | | | | | 3 Comentários
É comum nos depararmos com técnicas construtivas atuais que na verdade remontam de tempos bastante antigos, a técnica de construção cordwood (construção com lenha) é uma delas. Sua origem data de milhares de anos atrás, especialmente em lugares como a Grécia e Sibéria.

 Foto: Minha Casa

Durante a Grande Depressão ocorrida nos Estados Unidos nos anos de 1930, a técnica teve um breve período de popularidade em razão dos materiais de baixo custo e da facilidade de construção.

A construção cordwood utiliza como material principal troncos de árvores, cortados entre de 20 a 50 cm de comprimento, dependendo da largura das paredes. Essa dimensão pode ser bastante econômica se forem utilizadas árvores provenientes de podas ou quedas.

No Brasil há muita madeira descartada nos procedimentos da construção civil. Uma dica importante é que ao reutilizar madeiras de sobras de outras obras, vale verificar se essa madeira foi tratada e qual produto foi usado no tratamento. A maior preocupação é a infiltração de arsênico e cromo sobre as superfícies da madeira, que podem contaminar seres humanos e animais.

Foto: Arquitete suas Ideias

Madeiras arejadas e menos densas são mais adequadas porque elas encolhem e expandem em proporções menores do que madeiras densas, mas independentemente da espécie arbórea, toda a madeira deve ser descascada antes do início da construção.

Embora se possam utilizar diferentes tipos de árvores, não é aconselhável, de modo nenhum, a utilização de madeira já semi-apodrecida ou mesmo de árvores pouco resistentes ao apodrecimento

Existem diferentes receitas para mistura de argamassa:

Uma delas é feita com 9 partes de areia, 3 de serradura, 3 de cal de construção (não agrícola), e 2 de cimento Portland. A cal de construção cria uma parede mais flexível e respirável. O cimento Portland se liga quimicamente na argamassa e pode ser tanto do tipo I ou II.

Outra receita pode ser feita com 3 partes de areia, 2 serragem encharcada, 1 de cimento Portland e 1de cal hidratada. Esta tem a vantagem de cura mais lenta, porém, resulta em uma aparência com muito menos craquelamento.

Como aproveitar as águas de chuva

Elyzia Rodrigues | 24.10.17 | | | | | | Seja o 1º a comentar!!
É início de Outubro e recebo notícias de que em Itambacuri, cidade situada no Vale do Rio Doce em Minas Gerais, terra onde nasceu meu pai e onde passei boa parte da minha infância está passando por um racionamento de água em razão de uma crise hídrica que começou em meados de 2015. 


Itambacuri infelizmente não é um caso isolado. O racionamento de água já é realidade em 25 cidades mineiras atendidas pela Copasa¹. No país, até Julho deste ano, 176 cidades tiveram a situação de emergência reconhecida pela União em função da seca, 151 em Minas Gerais e 25 no Piauí².
 
Neste contexto de mudanças climáticas e esgotamento dos recursos hídricos a conservação da água em edificações torna-se cada vez mais importante. Como conservação entenda-se o combate ao desperdício da água nas atividades cotidianas através da mudança de hábitos e emprego de tecnologias economizadoras nas instalações sanitárias e o reuso ou aproveitamento de águas menos nobres para o uso em atividades que não requeiram alto grau de potabilidade da água.
 
Uma das fontes de água mais comuns e de fácil acesso à população vem da precipitação de chuvas.
Atualmente a captação de águas pluviais tem adquirido crescente importância nos sistemas de distribuição de água como forma de reduzir a demanda por água potável.
 
Esquema básico de captação de águas pluviais
 
As normas brasileiras estabelecem que o sistema de drenagem pluvial deva ser separado do sistema de esgoto sanitário, ou seja, é necessária uma rede exclusiva para este fim. Este modelo, conhecido como “separador absoluto” (que tem como principal objetivo reduzir os custos no transporte e destinação final dos rejeitos nas redes públicas) favorece o aproveitamento das águas de chuvas, uma vez que não se faz necessário efetuar um tratamento desta água, mas apenas um processo de filtragem simplificado para separar as sujeiras que geralmente são carreadas pelo efluente.
 
A norma brasileira que trata e dá diretrizes ao aproveitamento de águas pluviais é a NBR 15527 – Água de Chuva – Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis – Requisitos. Esta norma estabelece os parâmetros de qualidade da água para usos restritivos não potáveis, mas ressalva que a opção pela desinfecção fica a cargo do projetista.
 
O mais comum é que caso esta água não for usada para fins potáveis como beber, cozinhar ou tomar banho, a desinfecção pode ser dispensada.
 
Isto não dispensa, no entanto, a necessidade de controle da qualidade da água armazenada como será visto adiante.
 
Qualquer que seja o tamanho do sistema ele será composto por basicamente quatro etapas: captação, filtragem, armazenamento e distribuição.

Mini Cisterna: modelo simplificado para captação de água de chuva.
Ideal para pequenas residências.

As águas das chuvas são captadas através das calhas, passam por um filtro que retém as impurezas, são armazenadas em cisternas, barris, baldes ou qualquer outro tipo de recipiente que possa mantê-la protegida e são distribuídas através de tubulações ou manualmente.
 
Independente do modelo adotado é necessário que a primeira água de chuva seja descartada, pois acarreta todo tipo de sujeira acumulada nos telhados. A NBR 15527 recomenda que 2 mm (2 litros) de chuva por metro quadrado de cobertura deve ser descartado antes da coleta efetiva da água. Isto significa dizer que para um telhado de 100 m², devem ser descartados os primeiros 200 litros.
 
As águas provenientes das chuvas não são potáveis e, portanto deve ser criada uma rede de distribuição exclusiva que não deve ser misturada à rede de água potável.
 
Alguns equipamentos oferecidos no mercado prometem a total desinfecção da água coletada entregando-a em grau de potabilidade próprio para consumo. Nestes casos o investimento inicial é maior e o controle da qualidade da água é de responsabilidade do usuário.



Sistema completo de aproveitamento de águas pluviais com uso de cisterna e pressurizador na distribuição.
 
As instalações para captação de águas pluviais podem ser bastante simplificadas, totalmente manuais como no caso de mini-cisternas, ou totalmente automatizadas, sem necessidade de intervenção dos usuários. Nos modelos automatizados, em épocas de estiagem o reservatório de águas pluviais é alimentado por água potável proveniente da rede pública.
 
  Filtro residencial para coleta de águas pluviais (3)
 
Em casos de edificações altas ou de reservatórios subterrâneos é necessária a inclusão de uma estação elevatória para fazer o bombeamento da água captada para o reservatório superior ou de um pressurizador para alimentar diretamente os pontos de consumo.
 
O mercado brasileiro tem apresentado cada vez mais opções em equipamentos para captação de águas pluviais, mas também é possível encontrar na internet soluções caseiras para filtros e cisternas.

 
 Filtro para coleta e tratamento de águas pluviais (4) 
 
 
 Filtro de água de chuva de baixo custo (5)
 
 
Seja qual for a solução adotada, alguns cuidados devem ser observados:
 
• O reservatório de águas pluviais deve ficar lacrado, enterrado ou protegido contra a incidência direta de luz solar.
• Deve ser limpo anualmente com o esgotamento total de seu conteúdo.
• Ele deve ficar afastado de qualquer perigo de contaminação como fossas e latrinas.
• Deve ser feito de material que não solte substância na água.
• Os pontos de consumo de água de chuva devem estar identificados com os dizeres “água não potável”.
• Deve ser feita uma verificação visual periódica da água do tanque para aferir aspectos de turbidez e cor e presença de folhas.
• Todo o sistema deve receber limpeza periódica conforme se segue:
 
 
A coleta de águas pluviais visa diminuir a demanda por água potável e pode gerar, por consequência, economia nas tarifas pagas às concessionárias públicas.
 
No entanto, mais importante que diminuir a conta de água é a preservação dos recursos hídricos.
 
Da próxima vez que for projetar ou construir pense com carinho numa solução de coleta de águas pluviais.
 
O bolso agradece e o nosso planeta também.
 
Em breve falaremos sobre o reuso de águas servidas. Até lá!
 
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Mexicano cria um cimento emissor de luz

Elyzia Rodrigues | 17.10.17 | | | | | | 1 Comentário
É sempre bom conhecer alternativas de produtos e materiais de construção que tenham  sido pensados sob a ótica da sustentabilidade e essa semana vamos conhecer o cimento emissor de luz.
 
Foto: Nova Engenharia 
 
Durante a última década, o desenvolvimento de modelos inteligentes de construção, intimamente relacionados com a eficiência energética, tem implementado novos materiais que possuem uma ou mais propriedades modificadas, de maneira parcialmente controlada por estímulos externos como radiação, temperatura, pH, umidade, vento, entre outros fatores ambientais.
 
Como resposta aos novos modelos de construção, o Doutor em Ciências José Carlos Rubio Ávalos da UMSNH (Universidad Michoacana de San Nicolás de Hidalgo) de Morelia, desenvolveu um cimento com a capacidade de absorver e irradiar a energia luminosa, com o intuito de agregar uma maior funcionalidade e versatilidade ao concreto do ponto de vista da eficiência energética.
 
O novo material inteligente desenvolvido por Rubio Ávalos foi conhecido em 20 de outubro de 2015, em um comunicado oficial de imprensa pela Agência Informativa Conacyt, na qual o pesquisador afirmou que as aplicações são muito amplas, dentro das quais as que mais se destacam são o mercado da arquitetura, fachadas, piscinas, banheiros, cozinhas, estacionamentos, entre outros.
 
 Foto: Global Construction News
 
Além disso, é possível utilizar o cimento emissor de luz na segurança viária e nas sinalizações, no setor de geração de energia, como plataformas de petróleo, e em qualquer lugar que se deseje iluminar ou marcar espaços que não tenham acesso a instalações elétricas, já que não requer um sistema de distribuição elétrica e se recarrega somente com a luz.
 
A durabilidade do cimento emissor de luz é estimada em mais de 100 anos, por sua natureza inorgânica, sendo facilmente reciclável por seus componentes materiais.
 
Segundo esse mesmo comunicado, a característica essencial desse novo material é obtida mediante um processo de policondensação das matérias primas (sílica, areia de rio, resíduos industriais, álcalis e água).

 
 Foto: Archdaily
 
Esse processo, segundo o pesquisador, se realiza na temperatura ambiente e não requer fornos ou altos consumos de energia, de modo que a poluição na sua fabricação é baixa, em comparação com outros cimentos, como Portland ou plásticos sintéticos.
 
“Buscamos que a luz penetre o material até certo nível. No caso do cimento convencional, o Portland, não há essa capacidade já que quando a luz chega à superfície, ela não penetra", explicou Rubio Ávalos.
 
Carregar esse material com luz natural ou artificial busca oferecer novas funções luminosas e térmicas ao elemento construtivo mais utilizado no mundo, com o objetivo de diminuir o consumo energético gerado pelos sistemas ativos.

Foto: Canal Tech

Manta Térmica para Telhado

Elyzia Rodrigues | 3.10.17 | | | | | 2 Comentários
Como vimos em postagem anterior, o conforto térmico de uma edificação é fundamental, e é quando chega o verão que a gente percebe claramente se a casa que habitamos é ou não confortável.

 Foto: Gazeta do Povo
Arquitetura: Bela Pagliosa - Piraguara - PR