A artista francesa Marianne Peretti, foi a única mulher a integrar a equipe de Oscar Niemeyer para a construção de Brasília e a responsável por importantes vitrais da capital federal, como os de sua Catedral, do Palácio do Jaburu, Superior Tribunal Federal, Memorial JK, entre outros.
Foto: Arcoweb
Marianne Perretti
Numa justa homenagem feita ainda em vida á artista, foi lançado no último dia 30 de Setembro no Sesc Pompéia em São Paulo, o livro Marianne Peretti – A Ousadia da Invenção, um livro inteiramente dedicado a ela.
Peretti também tem obras presentes na França e em outros estados brasileiros, como é o caso do grande painel na Praça da Apoteose, no Sambódromo do Rio de Janeiro.
O livro contém depoimentos da própria artista, fotos e croquis de suas obras - entre murais, vitrais e esculturas - e análises de estudiosos e personalidades, assim como cartas e depoimentos inéditos de Niemeyer e do arquiteto e urbanista Lúcio Costa.
A edição traz ainda uma carta inédita de Niemeyer, em que elogia a verve de Peretti e reconhece o seu empenho no trabalho:
“Vou dizer como me emocionava vê-la durante meses debruçada a desenhar os vitrais da Catedral de Brasília. Eram centenas de folhas de papel vegetal que coladas representavam um gomo da Catedral. Um trabalho que diria corresponder aos velhos tempos do Renascimento quando apoiados pelos príncipes daquela época os pintores e escultores executavam obras extraordinárias. Não acredito que mesmo naqueles velhos tempos um vitral de tal vulto tenha sido realizado”, afirma.
Sobre o processo de construção das composições que se tornariam a Catedral Nossa Senhora Aparecida, cartão postal de Brasília, Marianne conta que Niemeyer queria incluir seus vitrais, mas ela fugia da empreitada, dizendo que ‘o céu de Brasília é tão bonito, não precisa de nada mais que vidros... ’. Mas o arquiteto insistia na obra.
Após passar por muitas dificuldades, sobretudo devido ao tamanho dos vidros, com 30 metros de altura e 10 metros de base, multiplicados por dezesseis vitrais, a equipe encontrou, finalmente, um senhor artesão que fazia vitrais e que os ajudou.
Houve resistência e desentendimentos por parte de Marianne e Oscar até finalmente alcançarem um acordo sobre os diversos aspectos da obra. A artista também enfrentou dificuldade para encontrar um espaço que tivesse o mesmo tamanho da catedral (ela pinta em tamanho natural, debruçada sobre o chão). Encontrou, finalmente, um ginásio com a mesma metragem da Catedral, onde pôde alinhar seus papéis no chão para melhor visualização. Peretti afirma que, por conta do trabalho exaustivo, emagreceu de 3 a 4 quilos e ‘ganhou’ um deslocamento na coluna, ‘uma escoliose terrível’, com a qual convive até hoje.
Para ver mais, clique aqui.
Marianne Perreti - A ousadia da invenção
Edições Sesc São Paulo e Editora B52 - 2015
348 páginas
Português/Francês
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